Das coisas que orgulham a gente de fazer parte da construção da universidade pública e gratuita, em meio a tantas lutas contra o desmonte sistemático e os discursos absurdos que nos vinculam à balbúrdia, está o reconhecimento e reafirmação de que ela é campo de reflexão crítica, de expansão dos sujeitos e de suas autonomias e de entrelaçamentos com os saberes do mundo. A gente se esforça, diuturnamente, para que a universidade seja espaço de acolhida a quem deseja ocupá-la.
E em março, a partir do trabalho de conclusão de curso de Juan Pablo Luz Muniz (orientado pelo professor Marcelo Rodrigo), vimos o Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) da Universidade Federal do Amazonas, campus Parintins, ocupado pelos saberes ancestrais. Na ocasião, Pablo apresentou o documentário que entrelaça duas lutas.
“Èpa BàBá: um grito LGBT” registra o acolhimento que filhos, filhas, mães e pais de santo da comunidade LGBTQIAP+ encontram entre umbandistas, candomblecistas, juremeiros.
Antes da defesa, houve a exibição do documentário para o público, no qual muitos dos personagens se fizeram presentes.
Pedimos licença e o chão do laboratório de videodifusão virou terreiro e foi ocupado pelos representantes de saberes ancestrais, em um rito emocionante, desses que transformam o momento em um ritual, quando tudo faz sentido, as coisas e pessoas estão exatamente no cantinho que precisam estar.
O grito das vozes que Pablo ecoou é potente e incisivo na reivindicação das existências e quem quiser pode ouvi-lo também.